essa noite sonhei que assoei o nariz
e
uma poça de sangue se formou aos meus pés
de
manhã assoo o nariz no chuveiro
e
vejo ranho correr pelo ralo
fecho
os olhos e volto a abri-los
deixo
a água quente bater na cara e queimar a pele
você
me abraça na cozinha enquanto o café coa
e
o pão aquece no forno
o
dia amanhece aos poucos
ouço
o caminhão de lixo, as gralhas
na
rua milhares de folhas amarelas
apodrecem
na chuva
cada dia mais gente pede esmola
e
revira lixos atrás de garrafas
cada dia mais gente foge de casa
por
culpa nossa
essa
noite sonhei que tinha o corpo coberto
de
feridas purulentas
de
manhã arranco cutículas
até
ver a carne ao redor das unhas ganhar vida
Nenhum comentário:
Postar um comentário