chaminés de fábrica e curvas de rio.
uns óculos perdidos numa estrada de
terra.
famílias morando em calçadas.
pessoas correndo pra manter a
forma.
palavras secas, estantes vazias.
alguém numa cadeira de rodas,
o sol no rosto, o sorriso aberto.
alguém tentando se matar tomando
drano.
misturando bebida e valiums.
se enforcando com cadarços de tênis.
o desespero não é abstrato.
a gente se põe pouco no lugar dos
outros.
diz te amo cada vez menos.
deixa a chuva bater na cara
e aperta espinhos pra ver se acorda.
se ainda sente alguma coisa.
um poema não serve se não corta.
um poema cego, sem fio
é um privilégio de poucos.
de quem pode se dar ao luxo
de brincar com palavras.
pra quem não pode palavras são
fogo.
são álcool puro.
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