Não importa
De que me valem
os versos
se já não tenho
os negros olhos
a me olharem irônicos,
em silêncio,
a exigir algo que não pude dar ?
De que me valem
palavras
se já não tenho a boca
de lábios finos, róseos,
fingindo vir de encontro à minha
e escapando, saindo fugida ?
De que me valem
todos os poemas do mundo
se desse coração vagabundo
nunca consegui te tirar,
se não me canso de lembrar
da sensação do teu olhar ?
De que me valem...
De que me valem
os poetas todos
se entre eles, vivos ou mortos,
meu coração não bate a metade
que batia ao teu abraço
que me mata de saudade ?
De que me valem, então...,
senão,
pra te manter, ó lembrança
tua,
pra sempre junto à mim,
obscura,
confusa,
eterno amor sem fim.