A troca
um poema as vezes
vem com o vento
no lugar do beijo;
vem as vezes com a chuva
trazer silêncio
onde silêncio não tem
e onde tudo é tormenta;
as vezes vem pela janela
como afago,
como carícia secreta
no lugar do consolo.
as vezes vem no copo,
servido,
no lugar do esquecimento;
vem as vezes em forma de lamento
com a força de um abraço.
um poema as vezes
substitui um coração que,
ao ver o meu desolado,
também chora.
as vezes vem e compensa,
as vezes vem e nada.
um poema as vezes
vem com a mão que eu não vejo,
me puxa e agarra;
paro
e olho ao redor
mas não te encontro.
grito que já me bastam
os poemas, e que deixem
de tentar preencher
esse vazio que não fecha;
e nesse instante mesmo,
no lugar do olhar,
me encara um poema que,
solitário,
também procurava outra coisa.
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