tirei poemas
do fundo do poço,
da tristeza
e da alegria.
tirei versos da angústia,
do fim do mundo
e do coração.
tirei-os do estômago,
das entranhas
e do sangue das mãos.
tirei de risadas
e muitos tirei de garrafas.
tirei de longe
e tirei de perto
e muitos tirei de dentro
tendo que primeiro arrancá-los.
tirei muitos
da fumaça,
tirei do céu e também
das nuvens.
muitos tirei da loucura
e alguns poucos
do sossego.
tirei de mulheres,
de sonhos e pesadelos.
tirei de amores
que escorreram entre
os dedos.
tirei uns tantos
da total desesperança,
da falta de confiança
ou do choro da criança.
tirei com rima
e tirei sem
e isso pouco importa.
tirei um primeiro
mas o último
ainda não veio.
tirei poemas
de tudo que pude tirar
e também do que não poderia.
tirei uns versos
da total desilusão,
da amarga conclusão
da completa confusão.
do barulho,
da sujeira,
da floresta e da clareira.
do sol forte,
ofuscando o olhar
e do teu jeito de andar.
tirei canções
que nunca serão cantadas
e isso pouco importa.
tirei poemas
de toda a minha vida
e toda a minha vida
tirei da poesia.
dos alegres versos tristes
da triste alegria
de existir.
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