Dia-a-Dia
que alguém aqui crê em deus.
a colher de prata, a carta do banco, o guardanapo de papel.
há mais garrafas de água que livros na estante.
ao lado do tubo de pasta de dente e do creme de barbear tem um cordão de ouro que diz
que alguém aqui crê em deus.
só tem uma tomada no quarto.
um estojo de remédios e tampões de ouvido de alguma companhia aérea.
a toalha úmida na porta do armário.
um rolo de fio dental.
cada objeto guarda um coração.
a colher de prata, a carta do banco, o guardanapo de papel.
a linguagem.
até as coisas mortas se vinculam—e ganham vida.
cor sobre cor não é nada se não fere, se não te faz lembrar de alguém.
uma lista de compras num pedaço de folha de caderno.
leite, molho, ovos, massa.
garranchos de poemas.
o dia que caminhei contigo pelos corredores do supermercado atrás de pão
e peito de peru.
e peito de peru.
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