a cerimônia
era uma manhã cinza, meados de maio.
os dois em pé debaixo da árvore sem folhas que deixava a chuva passar.
os dois em pé debaixo da árvore sem folhas que deixava a chuva passar.
um deles fumava um cigarro em tragadas longas,
com urgência, um corpo denso de fumaça detido no ar pesado da chuva.
com urgência, um corpo denso de fumaça detido no ar pesado da chuva.
um silêncio absoluto reinava ao redor, quebrado, vez que outra,
pelo grito de um pássaro ou o barulho de um ônibus.
pelo grito de um pássaro ou o barulho de um ônibus.
os dois vestiam preto e mantinham o olhar fixo na caixa que descia pra terra.
fora quem trabalhava ali, ninguém mais tinha ido.
—tá, vamo tomá alguma coisa, disse um deles.
—tá, vamo tomá alguma coisa, disse um deles.
em volta, o ruído do trânsito ia tomando conta da manhã.
o outro fez que sim com a cabeça, sem dizer nada,
esfregando de leve a bituca acesa do cigarro contra o tronco da árvore
até que a brasa caísse, ainda queimando.
esfregando de leve a bituca acesa do cigarro contra o tronco da árvore
até que a brasa caísse, ainda queimando.
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