você diz que faz tempo
que não escrevo
mas todo dia acordo de
madrugada
mergulhado em silêncio
até a boca
cercado de paredes
brancas
numa delas
um poema de amor colado
com durex fala
de cinzas misturadas
e de como você arrastou
os pés
quando se foi
depois disso resta
pouco
tudo já foi dito
e essa arte hoje se
resume a lábios
se movendo
fechados balbuciando
palavras
mudas garganta
a dentro
você diz que faz tempo
que não escrevo
e eu digo que faz tempo
que as horas
são cubos de gelo
largados na pia
que o chão
é feito de restos de
vida
morta
cabelos sebo saliva
suor e saudade
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