“teus poemas têm uma força
danada,” garante uma amiga.
“um desencantamento com o
mundo que não é tédio
mas, pelo contrário, talvez
simplesmente resistência.
resistência ao tédio e ao
embotamento.”
no segundo andar do ônibus
a caminho de casa
assisto às ruas escuras
passarem pela janela.
quanta gente entra e sai da
nossa vida assim, como se fosse nada.
tudo é uma lição de perda.
me admira que ainda doa.
“vivemos um tempo de
secreta angústia,” diz bauman
num artigo que você me
manda por email.
“um tempo em que o amor é
mais falado que vivido.”
“um tempo em que a gente
se sente sozinho
e cercado ao mesmo tempo.”
“sobre as coisas que tu
escreve,” diz embaixo do link.
essa é mais uma delas.
mais um poema
escrito sem encanto, mas com
o coração e o estômago
e o punho cerrado.