como as gralhas-cinzentas aqui da
rua
tem gente que se alimenta dos
restos de comida em embalagens de plástico.
garrafas vazias, cabeças de
fósforo.
o sinal da escola soa no ar frio e
seco do inverno.
tonéis de lixo, grades de ferro.
não sei o que essas coisas
significam.
é provável que pouco, ou porra
nenhuma. a garganta arranhada.
a gente se abraçando no quarto
escuro de manhã cedo.
a gente se abraçando em frente ao
forno
ou perto do aquecedor a gás sob a
luz da cozinha.
a gente se abraçando à noite no
meio da sala
as lágrimas se misturando ao vapor
do banho recém tomado.
a gente abraçado em silêncio.
palavras se afogando em silêncio.
não sei o que nada disso
significa.
os copos de vinho, os de café.
as manhãs escuras de inverno, as
noite em claro.
as salas de espera do hospital.
não sei o que nada disso
significa.
presidentes banindo a entrada de
pessoas
como se alguém fosse ilegal.
o salão oval redecorado com
acessórios de ouro.
o nosso tempo cada vez mais curto.
a gente com cada vez mais
nada a perder.
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