mel e girassóis
às vezes, a única companhia que se tem
é o barulho do ventilador
é o barulho do ventilador
e esse café com leite, cinza e turvo,
pardo como a areia
da praia depois da chuva.
mas poesia de café tem porquê?
a vida é um pouco que nem café: semente vira raiz, ramagem,
flor, fruto, grão, o grão vira pó e o pó
vira hábito, hálito, poemas.
flor, fruto, grão, o grão vira pó e o pó
vira hábito, hálito, poemas.
mas poesia de café tem porquê?
uma palavra só
ganha vida quando a gente enche ela de tristeza,
alegria, tédio e estupidez.
dali em diante, ela leva isso guardado no espaço ínfimo
entre cada letra, eternamente
ou até que uma daquelas coisas que apaga tudo que veio antes
ocorra, e mude tudo para sempre.
entre cada letra, eternamente
ou até que uma daquelas coisas que apaga tudo que veio antes
ocorra, e mude tudo para sempre.
ao contrário do que se
pensa,
palavra nenhuma nasce nome ou dona de nada.
mas poesia de café tem
porquê?
purê de abóbora, salmão e salada.
trinco de porta, molho de
chaves, dengue.
ausência, perdão e açúcar.
livros de
bolso e saudade e porque não café.
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