modernidade
o velho senta no banco de pedraseu rosto entre as mãos.em frenteum fluxo contínuo de gentepassa rumo ao teatro.o velho soluça entre os dedosem tom amargo de gin.de quando em quando ergue a cabeçae grita de forma animalesca:"não posso, não vê que não posso?"sua voz não é humanae soa como o partir de uma tábua ao meio.passos se agitam.pessoas de meia idade olham para o outro lado.vozes murmuram no escuro:"vagabundo.""bebida devia ser proibida para esse tipo de gente..."o velho resgata de entre as mãos o rosto molhado de lágrimasfitando nada através de olhos vermelhos injetados de sangue.pessoas recuam,pisam umas sobre os pés das outras.como o partir de uma tábua ao meiosurge a voz que vem de dentro do velho -"não vê que não posso...? não posso...não posso..."
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