entre os raios de sol a chuvae o leito do rio na cheia, a correntedecidida das águas, nada à toa.o desmergulho de galhos submersosque bem parecem cabeça de cobrae eu da janela do avião que sobrevoa-va o rio Cuiabá, sem saber-se em casa,com medo da turbulência das asas.era a respeito dos homens, nem brancosou pretos ou vermelhos mas homens,caçadores, com a determinação e a coragempara resistire a humildade e o dom para sobreviver.no subir da lombada de terra, as solasdo pés desabituadas contra as pedras,seus olhos pretos miúdos apertando-se,a lua cheia, enorme e não longe,você perguntando porque é que ela estavana água.mas aonde você vê água ali, retruquei,no ar azul do céu?pois que a resposta sua, que como do rio,era o céu a água da lua,não era? silenciei sem palavra.pois que era sim, e que a gente grande, dita adulta,é que não sabia nada da vida, perdidaentre nomes e conceitos para tudoe a intuição para coisa nenhuma.era a respeito daqueles que criamque nada era preciso para guerra,diplomacia, dinheiro ou política,senão o mais puro amor da terrae uma coragem infinitaque Deus criou o homem e criou o mundopara ali ele viver, e eu acho que ele criouo tipo de mundo no qual ele haveria de ter gostadode viver ele mesmo, tivesse sido homem -o chão pra andar em cima, a mata alta, as árvorese as águas, e os animais pra povoá-lasporque ali era a sua casaapesar de não possuir nada, só o pousomas não o tempo, a evanescência do medoe das semanas sumindo sem traçona desassinalada solidão.pois não pertencia a homem nenhum o cerrado,o Arinos, as plantações de soja, o Rancho Alto,mas pertencia a todos que soubessem usá-loscom humildade e orgulhoque senhor, disse ela, será que já viveu tanto tempoe já esqueceu de tanta coisa que não se lembrade nada que sabia ou sentia ou quem sabe atéouvia a respeito do amor?como os têm as pessoas mais velhas,o fogo e o borralho, o que era, o urso,o delta do outono.
get up, put on your shoes, get / started, someone will finish (Diane di Prima, Revolutionary Letter #2)
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário