Malone dies
um falava enquanto o outro ouvia,o que falava pensando, enquantoo que ouvia lembrava; nenhum dosdois prestava atenção. a culpa erada lua alta, da toalha quadriculadasobre a mesa, da luz do poste da ruarefletida no copo. em volta as vozesrogavam exageradas, prometendopromessas descumpridas, discorrendosobre coisas que não sabiam. quem ouviafingia que cria, pretendendo que escutava.era culpa dos goles, da calçada, dobarulho dos talheres. a culpa era de tudoque havia mudado, dizia, e do tempoque havia perdido. mas nem seus olhosmais acreditavam, desmentindo-o aindaenquanto falava. quem ouvia esperavamas jamais contradizia, teriacabimento? pois era culpa do aumentodos preços, da falta de transparênciado governo, dizia, enquanto o outrosonhava que iana direção que o vento soprava.
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