Hábito
o telefone toca
eu viro na cama
de barriga pra cima
é só o alarme
o aparelho não dorme
se os olhos não abrem
respira fundo
esfrega o rosto
puxa o catarro
um pé
depois do
outro
pro banheiro
mijar de pau duro?
o jornal já chegou?
eu escovo os dentes
depois—
primeiro um café
preto por favor
sem saco hoje
pra leite
sem tempo
pra livro
o computador
me espera
na esquina
entre a escrivaninha
e a janela
sem trégua
pra poema
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