Futuro
a Stéphane Mallarméo verso de amanhã nascerá
do ruído de passos nas ruas
e da cadência vacilante das luzes
sobre o manto da cidade.
surgirá do eco das vozes
atravessando os prédios
de camadas de concreto.
o verso do futuro será
como um choro retumbante
de motores cansados.
será o pulso das coisas sem vida,
o brilho nos olhos da pedra,
o arfar do peito
da respiração morna
das coisas mortas.
o poema do amanhã nascerá
quase vazio,
espaçado por soluços de silêncio
e bocejos ansiosos
traduzidos em palavras,
sem quase sentido
e quase nenhum significado.
nascerá quase apenas do som
do toque da mão
contra o céu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário