Lívia olha o mar morto de águas de chumbo.
Mar sem ondas, pesado, mar de óleo.
Onde estão os navios, os marinheiros
e os náufragos? Mar morto dos soluços
quedê as mulheres que não vem chorar
os maridos perdidos? Onde estão as crianças
que morreram na noite do temporal?
Onde está a vela do saveiro que o mar engoliu?
E o corpo de Guma que boiava
com longos cabelos morenos na água que era azul?
Na água plúmbea e pesada do mar morto de óleo
corre como uma assombração a luz de uma vela
à procura de um afogado. É o mar que morreu,
é o mar que está morto, que virou óleo, ficou parado,
sem uma onda. Mar Morto que não reflete
as estrelas nas suas águas pesadas.
- Jorge Amado, "Mar Morto"
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