Na Madrugada
do inglês ' In The Small Hours '
Véu azulado, a serpentina daFumaça do tabaco em película e verniz de madeira,Atenua o cromo, escala em espirais as cortinas de veludo,Ofusca a cavidade de espelhos. Dedos fantasmasPenteam cabelos de alga, afagam veias verde-marDe marinheiros ilhados, prisioneirosDa sensual melodia de Circe. O barmanDistribui poções ígneas ?Sonâmbula, a banda segue tocando.Coqueteleira, o peixe prateadoDança para clientes pegajosos.O aplauso é embebido em lassidão,Emaranhado em teias de sussurros de amantesE nos cílios engenhosos do andrógino.As notas pairando no ar acariciam a noiteMas suavizam o denso índigo ? ainda eles tocam.Partidas persistem em durar. Ausências nãoEsvaziam a taverna. Se penduram sobre a névoaComo exalações de afastados litorais. Logo,A noite recupera o silêncio, mas até o amanhecerAs notas mantêm seu domínio, esfumaçadasEpifanias, possuidoras das horas.O lamento da música perdoa, redimeA surdez do mundo. A noite torna ao caminhoDe casa, revestida por notas de consolo, pregueiaO silêncio quebrado do coração.
- Wole Soyinka
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