sou sangue nas ruas
a catástrofe
que não se esquece
a corrente
que não se vê
venho no futuro
como passado
e sou presente
não existo
e sou tudo
meu nome é história
me façam boa
get up, put on your shoes, get / started, someone will finish (Diane di Prima, Revolutionary Letter #2)
sou sangue nas ruas
a catástrofe
que não se esquece
a corrente
que não se vê
venho no futuro
como passado
e sou presente
não existo
e sou tudo
meu nome é história
me façam boa
quantos anos passei
juntando cacos de sonho
em vagões de trem
quantos anos passei
quebrando sonhos
e espalhando cacos
quantos anos passei
sonhando com cacos
quantos anos passei
em cacos
prédios e mais prédios
cada escolha que fiz
é um telhado de tijolos
uma árvore ao vento
um olhar pela janela
que a gente se ama ainda
é tudo que importa
filho, essa noite queria te dizer
que por todo os estados unidos estudantes estão acampados
contra o genocídio em gaza e pela libertação da palestina
que no estado onde tua mãe e eu crescemos as chuvas não param
e milhares estão perdendo tudo, a maioria pobres
que esse ano o movimento dos sem-terra fez quarenta anos
que a luta por mudança segue viva, e que o fim desse sistema
é a única esperança
todo dia cedo
passo pelo novo prédio da nyu na rua mercer
uma monstruosa torre de vidro
projetada por famosos arquitetos
uma obra de arte, transparente e elegante
todo dia cedo
passo pelas dezenas de pessoas
que vivem na estação de metrô vizinha ao prédio
seringas no bueiro das escadas
todo dia cedo
passo pelo monstro de 1 bilhão de dólares
no inverno os moradores da rua mercer se encolhem
sobre saídas de ar quente