sexta-feira, 27 de novembro de 2015

quantas mágoas




toda vez que a gente se separa é a mesma história.
o amor é uma dor aguda.

o ônibus vazio cruza a madrugada imersa em sereno
e eu me perco

nos faróis dos carros que vem na direção contrária.
a solidão acorda.

quantas mágoas deixei em acostamentos de estrada.


mesmo sem querer




o que foi feito de todos aqueles passos
por todas aquelas ruas madrugadas adentro.

o que foi feito de todos aqueles postos
de gasolina. de todas aquelas garrafas vazias
enfileiradas sobre cordões de calçada.

o que foi feito de todas aquelas noites
de chuva. de todos aqueles ônibus cortando
a 3ª perimetral a mais de 80 por hora

e de todos aqueles maços de cigarro
que mesmo sem querer fumar eu acabei
comprando.


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

sábado, 14 de novembro de 2015




mais uma manhã de outono.
folhas por todos os lados.

mais uma manhã de outono.
lavo o rosto e penteio a barba na frente do espelho.

mais uma manhã de outono.
você lava a louça e eu ponho a mesa.

mais uma manhã de outono.
a gente não fala, mas pensa nas mesmas coisas.

imagina as mesmas cenas.
fica sem as mesmas repostas.

mais uma manhã de outono.
um esquilo pula de uma árvore pra outra

e a gente se abraça.


sábado, 7 de novembro de 2015

o quanto é sozinho




a bolha estoura quando menos se espera.
essa bolha que cada um cria e preserva

com tanto cuidado. essa bolha feita de livros.
celulares. fones de ouvido. essa bolha

inundada de lembranças e frases em 
silêncio. essa bolha que sucumbe ao choque 

com outra. um velho que entra no trem 
soltando uma baforada de cigarro

e num segundo, todo mundo acorda
e olha feio. a gente esquece de o quanto

é sozinho.