sábado, 25 de abril de 2015

o que sobra do amor




comendo uma torrada com requeijão
e olhando pra fora pela janela da varanda.
as andorinhas sobrevoando o topo
dos prédios. os cacos dos últimos meses

espalhados pelos azulejos. a mala aberta 
sobre a mesa. as lágrimas morrendo

antes de escorrerem dos olhos. isso é tudo
que sobra do amor toda vez. esse
gosto de poeira. esse aperto sem cura.


sábado, 4 de abril de 2015

depois de sete anos




depois de sete anos, portas e janelas
voltaram a ser abertas. a luz voltou

a entrar. o vento voltou a correr.
depois de sete anos, passos e vozes

voltaram a ecoar. o piso voltou
a ranger. o café com leite em silêncio

voltou a existir. depois de sete anos,
quem a cada dia esquecia mais

e vivia menos ganhou descanso.
depois de sete anos, ganhou alívio,

ainda que doloroso, quem por
sete anos sofreu vendo alguém amado

morrer aos poucos.