terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Remaining Hours





this something that is not alive
and can never be born.
this something hidden from the eyes, lost 
among metal and wheels and wings.

there was a time when the sky was there not to be touched.

the sounds of the city spoke through me amongst train lines of despair,
everlasting confusion in a world that cannot face this night
or any other night.

I watched days coming to life in glimpses of unreality, shadows
of dead dreams in a theater stage.

it turned real when I got in the bus.

and I see this thing in every car, every corner
of every road,
traffic lights and buildings made of glass,
mirrors reflecting an unseen sun.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

entre um ser e o tempo





o tempo é o único juíz;
se volta é porque nunca foi.

como o amor que esqueceu de sentir
quando o cigarro insistiu apagar.

nessa noite esquecida na varanda,
sentado em sofá de segunda mão,
a chuva cai fraca quase sem molhar.

melhor é ter tido a certeza da dúvida mais cruel
do que o não saber nunca o que é.

sem adeus, sem até logo que esquente a garganta
que o frio do inverno arremeteu.

lembrança, não encontrei nada que substitua a lembrança;
memória agúda de um gosto estranho,
lábios de cor do infinito.

se fica é que vai ser pra sempre.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

mais nada


bloqueado por meses de sonhos que não lembro
em dias que esqueço se dormi

e que esqueço que escrevo.
os poemas já não visitam à noite, naquela hora

um pouco antes da inconsciência total,
1 min suficiente pra repeti-lo mais 3 vezes

na cabeça e gravá-lo no peito, de onde sono nenhum arranca.

inspiração é uma palavra que um dia escrevi num papel,
pus onde não devia sem prestar atenção

e nunca mais achei.
me acostumei a ter algo que nunca foi meu.

nem verso nem voz me pertencem
e essa chuva que cai não serve pra nada.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

To a Cat
(tradução livre de Jorge Luis Borges)






Espelhos não são mais silenciosos
nem o aproximar da aurora mais secreto;
à luz da lua, tu és aquela pantera
vista somente de longe.
Por inexplicáveis manejos de uma lei divina,
por ti procuramos em vão;
ainda mais remoto que o Ganges ou o sol poente,
é tua a solidão, e teu o segredo.
Teu quadril permite a persistência
do carinho de minha mão. Tu aceitastes,
desde aquele longo passado esquecido,
o amor da mão que duvida.
Tu pertences a outro tempo. Tu és senhor
de um lugar confinado a um sonho.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Bloqueio






não viu que passava o tempo no passar dos carros
e que pelas ruas o dia já corria das luzes.

cerrou os olhos e apoiou a testa contra a janela fria
e no aperto das pálpebras
alcançou com os dedos uma parte do corpo de metal:

era frio como o rosto de plástico
e frio como os lábios de cera.

já não suportava a rotina do céu.

trocou palavras por pessoas
e o silêncio da tristeza por voz,
por um toque que não fosse letra
em um minuto sem saudade.