quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

de poemas



os olhos são gralhas cinzentas
folhas apodrecendo na calçada

sombras pálidas/ lânguidas
meu fosso/ minha farsa

minha dança ensandecida 
em sã consciência

os olhos são lâminas
de palavras/ sonhos

de espuma/ soros em forma
de poemas


quarta-feira, 22 de novembro de 2017

quando não falo



morcegos me cercam
não pousam
pensamentos pairam
pensamentos
são poços sem fundo
mortos sem
rosto. ecos
em quartos vazios

poemas se formam
não voam. poemas
são pontas de cigarro
corpos gelados
cacos de beijos
gemidos
gerânios enterrados

no subsolo
no substrato
do quanto te amo quando
não falo


sexta-feira, 20 de outubro de 2017

viram flores



o mundo envelhece
horizontes morrem
reacendem
gemidos de amor
ecoam nas paredes
borboletas sem nome
braços que insistem
se estendem
sobre abismos
cada vez mais fundos
sobre segundos
cada vez mais assassinos
sobre horas de amor
cada vez mais raras
na tua ausência
tudo em volta
é uma boca seca
a sede mata
a gente luta
com as armas
que ainda restam
o mundo envelhece
sonhos apodrecem
viram flores

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

#



na calçada
alguém revira lixo
atrás de comida




pelas ruas
primaveras floridas
pessoas com fome