quarta-feira, 31 de julho de 2013

mannheim hbf


os olhos doem.

a madrugada passa 
em slides 
na janela do trem.

a 196 km/h as luzes 
se afogam na escuridão

e entre estações 
interditadas
um reflexo no vidro

se desconhece.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

mais 1


mais 1 litro de cerveja
pra passar o tempo.

mais 1 cesto de roupa 
pra lavar à meia-noite.

mais 1 dia de saudade
pra te ver de novo.

terça-feira, 23 de julho de 2013

alguma parte


em alguma parte 
vive alguém que não come.
em alguma parte 
se rói o ar e se bebe a luz

de uma lâmpada incandescente.
em alguma parte 
vive alguém que não dorme.
em alguma parte

a noite é de chumbo
sob lençóis 
de segunda mão.

sábado, 20 de julho de 2013

calendário


a gente passa a vida 
tentando apagar

o que a pele 
leva pra sempre.

o corpo é um calendário 
marcado a caneta

e até nas paredes
do estômago 

há uma dor inscrita.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

meu bem,


nada sob 
o céu 

desconhece
a dor.

desaparecido


você tem razão.

com o passar dos anos 
eu me tornei 

o amigo desaparecido.

a presença virou 
ausência, 

mas o amor 
ficou mais forte

do que se 
imagina.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

sem nome


em algum apartamento vizinho
toca um piano triste.

pode ser Bach, Mahler,
Schubert ou qualquer outra coisa

jamais saberia a diferença
pouco importa, 

as coisas são bonitas 
sem nome.

sábado, 13 de julho de 2013

fora da caldeira


moscas mortas

misturadas
ao pó, pedras,

pedaços 
de unha e cabelos 

de todas as partes
do corpo.

saudade.
é hora de pôr

o lixo pra fora.
mais 1 copo

de café c/ água,
mais 1 dia 13.

papéis por
todos os lados,

me
perdoa por tudo.

memória randômica


eu me lembro da época 
em que acordava domingo
bem cedo, às vezes antes
das 6h da manhã. 
não me lembro de quantos anos
tinha.
lembro que no nosso 
quarto, meu e do meu irmão,
a gente tinha uma TV 
minúscula.
lembro que nesses
domingos, de manhã bem
cedo, eu ligava essa TV
e assistia programas,
acho que no SBT, como
Pesca & Companhia e Siga 
Bem Caminhoneiro.
acho engraçados os detalhes 
que lembro da minha infância,
que não são muitos.

o meu passado, feliz que foi
quase o tempo todo, 
parece às 
vezes uma daquelas
manhãs de Porto Alegre,
nas quais das janelas da
varanda só se enxergava
cerração. 
quase tudo é
confuso, sem data, sem
rosto ou foto, sem nome ou
lugar.
mas lembro de ter sido
sempre feliz, mesmo que
boa parte do tempo
sorumbático, calado, sempre
cheio de segredos e 
pensamentos raramente
divididos.
ou hoje, pelo menos, 
olhando para trás, vendo
o topo de alguns prédios
e porções do céu entre
a neblina, percebo,
ainda que só agora, caso
seja o caso, que
sempre fui muito feliz.

3:10


janelas estalam.
mãos

teclam 
sem parar.

calor,
vento

agita as cortinas.
uma música

sem começo,
meio

ou fim.
um texto

xerocado.
é tarde—

os olhos pesam.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

hábito


mesmo prédio,
mesmas salas.

outras mesas,
mesma rua.

mesmas horas,
outros caminhos.

mesmo quarto,
outras roupas 

de cama.
mesmo silêncio

entre pratos 
de comida.

terça-feira, 9 de julho de 2013

12:00



amor é cobrir 
o sol com a cortina,

enganar o relógio.
falar demais,

pedir desculpa.
amor é sentir falta 
de ver 

quem cospe 
pasta primeiro.

meu amor



meu amor é 
uma 
tarde muda

não confundir 
com 
indiferença.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

domingo, 1 de julho de 2012



na noite mais
importante da minha vida

eu sentei desconfortável
no sofá da tua sala
depois de quase 8 anos

e pela primeira vez em 25
eu tive certeza do que queria
enquanto você olhava

passagens de avião
pro México
no computador.

biografia



sonhos, 

e não 
dores,

são 
esquecidos 
pela 

manhã.