sábado, 15 de dezembro de 2012

Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos (III)

 
sonho:


Um saguão de aeroporto, e um abraço forte no irmão mais velho de
um amigo. Parabéns, eu digo, e que estou muito feliz por ele, e que
é honestamente e do fundo do coração. Ele retribui o abraço apertando
as mãos nas minhas costas, e eu noto que ele começa a chorar entre
palavras de obrigado. Eu sei, de algum jeito, que ele acabou de se casar, e
que agora parte pra longe, pra alguma outra cidade. A verdade é que 
nunca mais falei com ele. Então algo nessa teia vai se quebrando, um fio
tênue e vago se rompe e minha mãe surge do nada com a notícia de
que a D. Ana morreu, e ela já se recolhendo em algum canto, desconsolada.
A cena corta pra minha vó, num flash, e um espaço sem nada definido.
Nesse lugar alguma coisa em mim pensa em ti, e em como tu vai reagir
quando eu te contar, e a gente conversar sobre as vezes em que a
gente falava nela, de brincadeira. 

Não lembro de mais nada antes de acordar, assim que o alarme do
celular deu o primeiro bip, num pulo. Por talvez um minuto, tentei
pensar no que qualquer daquelas coisas significava(e ao mesmo tempo
fui tomando consciência do frio que fazia ali dentro, da escuridão
que era ainda lá fora, e de como as janelas amanheciam sempre tão
embaçadas, como se o quarto inteiro suasse). Esfreguei os olhos, calcei
os chinelos e fui andando até o banheiro com a boca cheia de saliva grossa
e uma falta de interesse por tudo. O sono era um objeto de vidro
delicado; encantador, mas como quebrava fácil.


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