quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

pelas paredes brancas (2)



a vida é um mar agitado. a gente

um barco sem remos. rápido, preciso
de uma dose de amor puro, sem gelo.
preciso arrancar o soluço, a bola 

de fenentalada no fundo da garganta. 
preciso silenciar as vozes alojadas
nos recantos da cabeça, aliviar o sufoco

e recolher os cacos do corpo espalhados 
pelo chão da cozinha. preciso sair 
logo do quarto onde os raros móveis 

se alimentam dos meus pedaços,
restos de unha e farelos de pele 
(migalhas de sonhos que escorrem 

pelas paredes brancas).


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