sexta-feira, 14 de setembro de 2018

amor da minha vida



quarta à noite no mês
mais quente em mais de cem anos

na capa dos jornais
toneladas de peixes mortos
florestas em chamas
garrafas de cerveja em falta

na pia da cozinha misturo
vinho branco barato com água

na cama você pergunta
por que nunca te chamo de esposa
na cama a gente se toca
o ventilador indo de um lado
pro outro, o ar morno roçando
nos corpos pelados

às oito o celular toca
a manhã quente e nublada
as janelas cobertas
por um lençol marrom

esposa, amor da minha vida
digo em silêncio

e preso a essa pobreza
de ser homem
levanto pra lavar o rosto
e passar café


Nenhum comentário:

Postar um comentário