sábado, 27 de outubro de 2018

não se calam

                        after Alejandra Pizarnik


noites em claro e manhãs no escuro
chuva cai no asfalto
de mais um coração partido
os votos contados
a boca um deserto
de gente dormindo sobre bueiros
nem os mortos
nem os mortos estão a salvo
e não há remédio
os olhos repletos de cacos de vidro
e cinzas de orvalho
os mortos têm asas de musgo
e não há tempo
o silêncio é certo
o silêncio tem olhos de gesso
e dias contados
os corpos são sombras que sangram
e não se calam


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