quinta-feira, 28 de novembro de 2013

a primeira neve


o relógio do meu avô quebra e me desespero.
ex-colegas que nunca mais vi.
acordo atordoado, levanto pra tomar água e mijar.
volto pra cama tragando o ar frio na garganta seca (por que não tomei mais água?)
criaturas sem nome e pessoas sem rosto.
acordo assustado, o metal frio do relógio do meu avô contra o pulso.
ascendo a luz; os ponteiros imóveis marcam 3:35.
sacudo o braço e aquele tempo volta a andar (ufa).
consulto o telefone – 5:18; ainda falta mais de 1h pra despertar.
fecho os olhos.
clarice lispector põe a mão no meu ombro e diz, entre um cigarro e outro –
agora você também está morto, vamos ver se renasce...
acordo com a sirene de uma ambulância.
desativo o despertador que ainda levaria mais uns 20min pra tocar
e vou fazer café.
durante a noite caiu a primeira neve desse inverno.

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