sexta-feira, 8 de agosto de 2014

em quase tudo




há dor o tempo todo em quase tudo.
impossível não ver. nas rugas do rosto,
na bolsa dos olhos, no branco dos dentes.
no brinde, no barulho dos talheres.

há poesia o tempo todo em quase tudo.
impossível não ver. no vazio da cama,
na penumbra do quarto, na nudez dos corpos.
no espelho, na secura dos lábios.
na luz do banheiro pelo vão da porta,
na descarga correndo de madrugada
e você voltando pra cama.

há tanto o tempo todo em quase tudo.
impossível não ver. e impossível viver
com tantas visões, com tantos
clarões e blecautes, tantos pulsos
e cortes e noites tardes.

há tanto o tempo todo em quase
tudo. e não há muro ou
barreira que resista à força
de toda essa água e não
nos separe.



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