quarta-feira, 12 de outubro de 2016

cada vez menos




no metrô
alguém empina uma garrafa de cerveja de olhos fechados
como se fosse um antídoto.

nos degraus da estação
alguém dorme sentado com a cabeça entre os joelhos
em plena luz do dia.

na plataforma
alguém revira lixo após lixo atrás de garrafas de plástico vazias
sob o olhar atento de um policial.

em aleppo
alguém salva um bebê dos escombros de um hospital.

um banco perdeu $15 bilhões na bolsa no último mês
diz o jornal.

em outra estação
alguém se atira nos trilhos enquanto um trem se aproxima.

o alto-falante
anuncia: “todos os trens estão cancelados”

suspiros de impaciência.
cada segundo vale ouro em vidas que valem cada vez
menos. 


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