domingo, 13 de junho de 2010

Rachmaninov





Queria que as palavras fossem notas
e que cada frase ou verso em sucessão
criasse uma melodia tão triste
como é triste essa canção.

Não tenho as teclas do piano
porque sou prisioneiro do computador,
pobre poeta sem voz,
sem música, sem tom nem som,

Sozinho em meio ao silêncio bruto das letras de forma prontas que eu não escrevo.

Não tenho allegro nem adagio sostenuto
e sou anseio de um tédio que é pra sempre resoluto,
uma angústia calma moderada que renuncia desacreditada
às águas claras de uma fonte que eu não bebi senão em sonho.

Sou pobre poeta amante da música
pois não há verso ou nota que não confesse alguma dor.

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