quinta-feira, 30 de junho de 2016

desemprego, depressão e diamantes




“desculpem pelo incômodo
mas não é meu sonho estar aqui pedindo dinheiro às 11 da noite de domingo”
ele diz assim que embarca pela porta dianteira do metrô.

também não é meu sonho estar aqui indo pro trabalho às 11 da noite de domingo
ainda que algo incutido em mim não canse de repetir
que eu deveria dar graças a deus pelo simples fato de ter um emprego.
de ser um “cidadão produtivo. de estar inserido no mercado.

 “tô desempregado
e ficaria muito grato por qualquer ajuda, um trocado ou comida

a maioria das pessoas a bordo faz que não ouve e não vê
e me arrisco a dizer que ninguém aqui dentro sonhou com a vida que leva
enquanto nas paredes do vagão um anúncio de joalheria
exibe anéis de diamantes, e um outro de uma cia. farmacêutica pergunta:
sofrendo de depressão?

desemprego, depressão e diamantes. 

o cara pedindo dinheiro passa pelo corredor do metrô com um copo na mão
à espera de uma esmola que não vem
e quando o metrô para na estação seguinte
ele desembarca pela porta traseira

enquanto a vida que a gente não sonhou levar se desenrola
sem novidades.


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