sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

mais uma delas



“teus poemas têm uma força danada,” garante uma amiga.
“um desencantamento com o mundo que não é tédio
mas, pelo contrário, talvez simplesmente resistência.
resistência ao tédio e ao embotamento.”

no segundo andar do ônibus a caminho de casa
assisto às ruas escuras passarem pela janela.
quanta gente entra e sai da nossa vida assim, como se fosse nada.
tudo é uma lição de perda. me admira que ainda doa.

“vivemos um tempo de secreta angústia,” diz bauman
num artigo que você me manda por email.
“um tempo em que o amor é mais falado que vivido.”
“um tempo em que a gente se sente sozinho
e cercado ao mesmo tempo.”

“sobre as coisas que tu escreve,” diz embaixo do link.
essa é mais uma delas. mais um poema
escrito sem encanto, mas com o coração e o estômago
e o punho cerrado.


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