quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A troca







um poema as vezes
vem com o vento
no lugar do beijo;

vem as vezes com a chuva
trazer silêncio
onde silêncio não tem
e onde tudo é tormenta;

as vezes vem pela janela
como afago,
como carícia secreta
no lugar do consolo.

as vezes vem no copo,
servido,
no lugar do esquecimento;
vem as vezes em forma de lamento
com a força de um abraço.

um poema as vezes
substitui um coração que,
ao ver o meu desolado,
também chora.

as vezes vem e compensa,
as vezes vem e nada.

um poema as vezes
vem com a mão que eu não vejo,
me puxa e agarra;
paro
e olho ao redor
mas não te encontro.

grito que já me bastam
os poemas, e que deixem
de tentar preencher
esse vazio que não fecha;
e nesse instante mesmo,
no lugar do olhar,
me encara um poema que,
solitário,
também procurava outra coisa.

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