terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Semnai Theai
(humildemente dedicado a DeQuincey)






as Donas das Dores.
não as vi em sonho
como as viu DeQuincey
mas como ele
percorri quase todos os seus caminhos
de abjetos e estranhos carinhos
e conheci
quase todos os seus reinos.


são ao todo três as irmãs,
as Dores,
que não são dores individuais
- casos separados -
mas uma só abstração que encarna
todas as dores do mundo
contidas no âmbito mais fundo
do coração do homem.


a Dona das Lágrimas,
trata-se da irmã mais velha,
que por dias e noites em vão
clama por semblantes apagados,
chora e lamenta eternamente
a perda de um ente amado;
leva também a alcunha de Madonna.


a segunda irmã, a do meio,
é a Dona dos Suspiros -
não chora, não lamenta,
não canta, não fala -
e não sonha com nada.
suspira apenas, e se murmura
é durante o sono; as vezes sussurra,
de sí para sí, em solitários
lugares desolados - como ela -
em cidades arruinadas
quando o sol já caiu em descanço.


a terceira irmã, a caçula -
desafia o próprio Deus;
é a mãe dos lunáticos
e conselheira dos suicidas.
esta só se aproxima daqueles
em cuja natureza reina a convulsão,
cujo coração treme em conspiração
entre tempestades de dentro
e de fora -
essa que lhes apresento agora
se chama Dona da Escuridão.


são essas as Deusas Sublimes
que compõe a dor e a miséria humana,
as três Donas Graciosas
com as quais já fui pra cama.

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