terça-feira, 28 de setembro de 2010

as mãos





as mãos envelhecem mais cedo.

se tornam duras e ásperas e secas,
como a vida seca, e áridas,
como o sertão que eu li mas nunca vi.

cobertas de veias grossas
que mais parecem tubos de encanamento.

de dedos tortos de tanto estralo,
de tanto estralo de anos e anos,
de ossos inchados
por onde anel nenhum passa.

por onde só o tempo é que passa,
veloz e sagaz,
consumindo sem misericórdia
o instrumento do tato[que nunca esqueceu
a textura do teu corpo]

as mãos envelhecem mais cedo,
retrato da vida que passa e do tempo
que aos poucos
escorre pelos dedos.

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