sexta-feira, 3 de setembro de 2010

visões de um qualquer amanhã







ontem eu pensei sobre um futuro qualquer.
um futuro debruçado sobre a máquina de escrever,
cabelo penteado pra trás,
barba cobrindo o rosto todo,
cigarro apoiado entre os lábios
e uma garrafa de vinho na mesa.

um futuro cerrado num quarto escuro
cercado de livros e papéis rabiscados de poemas de saudade.
quem sabe tendo um ou outro caso -
mas provavelmente sozinho.

batendo dia e noite as teclas pesadas da máquina
e lendo tudo em voz alta
no meio da multidão de fumaça.
nesse futuro não tenho copo
porque bebo direto do gargalo.

e o que tem de errado esse futuro
além da garantia da morte prematura
me enterrando a cada dia
num mar de gritos pintados de tinta.

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