terça-feira, 12 de outubro de 2010

cartas de Jack London






que assim seja.
ainda não é o fim.
se eu morrer
será uma morte dura,
lutando até o final,
e o inferno há de receber
seu mais forte interno.

mas para o bem ou para o mal,
será sempre como foi -
sozinho.

mas não tenha medo Jack,
que tudo acaba bem;
não há razão para vergonha
que tua força também nasceu
da máquina penhorada
e da roupa esfarrapada

e em cada carta escrita
se criou uma obra-prima.

não mais se desespere Jack
que não há mais nada a provar;
tu foste um dos maiores
e tudo derivou de sofrimento
e de uma vontade sobre-humana de lutar,
sempre, a qualquer custo.

foram as noites passadas
nos distantes vagões de trem
e todas as temporadas
enfrentando em navio
as ondas e o frio dos mares do norte -
os dias na fábrica
que começavam as 3h da madrugada,
foi a falta de carne,
a falta de pão,
o estômago sempre vazio.

diga então a Mabel
que está tudo bem agora
e não se esqueça jamais
que aquele erguido em pedestal
foi o mesmo
contra o qual eles arremessaram pedras;

só tu sabias no mais íntimo
que a fama destrói
o que te doeu tanto construir.

mas agora basta Jack
que nem a morte soube encerrar
o que tanto estudo e dedicação começou -
tu foste um verdadeiro escritor,
um dos maiores[para sempre Martin Eden]

e que tantos anos de dura solidão
tenham valido a luta Jack,
porque ninguém fez mais por merecer.

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