terça-feira, 12 de outubro de 2010

quis ser tudo





eu quis ser tudo
e não fui nada
que não eu -

um detetive em São Francisco,
divisão de homicídios dos anos 50
fumando cigarros sem filtro,

um camponês russo,
um ferreiro medieval,
um bêbado irlandes em Boston;

gangster ou mafioso italiano
ou chefe de cartel colombiano.

um pianista clássico polônes,
um marinheiro no Alaska...

eu quis ser tudo
e não fui nada
que não eu -

um temido pirata
bêbado de rum e vinho,
um monge vivendo isolado
nas montanhas do Nepal sozinho,

um lenhador
com antebraços do tamanho de pernas
ou um criminoso mofando na cadeia
fazendo apoios e lendo a bíblia;

Hell's Angels,
um veterano de guerra enlouquecido,
Vietnã, as colinas da Espanha,
a Alemanha ocupada...

eu quis ser tudo
e nao fui nada
que não eu -

um forasteiro fora-da-lei
no Texas, no Alabama, Tennessee
ou West Virginia,
bebendo whisky de café,
magnum 357 na cintura
cruzando o deserto de mustang
ou impala 67'.

mas mais do que tudo
quis ser poeta
para viver alem do corpo e do tempo
e morrer sem deixar nada,
nem mesmo testamento,
se não livros e escritos
escondidos no baú -

mas não fui nada
que não eu.

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