sexta-feira, 8 de março de 2013

dias sem nome, 2 mortos 
e 1 condenado


segundas e terças
têm papel de outdoor.

na parada, 
um homem gordo corta os tênis
atrás para servir.

o bêbado passa,
a garrafa na metade
e um charuto apagado entre os dedos.

o barulho do trânsito,
o sol quente que ninguém quer
e o cheiro de lixo
no ar.

dias sem nome, 2 mortos
e 1 condenado
por aqui nem sempre é notícia.

o velho penteia os cabelos ralos
e cospe no chão.

eu incluso,
o mais normal entre nós 
é o catador de papel sentado no cordão da calçada
a falar com o cachorro,
seu olhar 
fixo no do animal.

o meu
mira o catarro do velho no chão,
brilhante na luz
como um cristal bonito. 

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