quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Alfred Corning Clark
(1916-1961)
poema traduzido de Robert Lowell




Você lia o New York Times
todos os dias no intervalo,
mas no seu seco
obituário, a lista
de suas esposas, nada novo
além do anel de noivado de
noventa e cinco mil dólares
com o qual você presentou
a sexta.
Pobre menino rico,
você foi maduro até demais
em saber esperar,
e morreu com quarenta e cinco.
Pobre Al Clark,
por trás de sua foto ampliada
quase irreconhecível,
eu sinto a dor.
Você estava vivo. Agora está morto.
Você vestia gravata-borboleta
e casaco azul escuro, e mascava
capim ou canela
pra adocicar o hálito.
Há de haver alguma coisa-
alguém pra cantar
sua vacilação triunfante,
sua recusa ao esforço,
a inteligência
que pulsava nas sensíveis,
pálidas concavidades de sua testa.
Você jamais trabalhou,
e foi terceiro da classe.
Eu te devo algo-
eu era confuso,
e você por demais entediado,
rápido e frio para rir.
Você é bem quisto por mim, Alfred;
nossa almas relutantes unidas
no nosso não-convencional
jogo de xadrez ilegal
no pátio da escola de St.Mark.
Você quase sempre ganhou-
sem movimento
como um lagarto no sol.

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