sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Outono





as garrafas de hoje não são mais de vidro.

uma pilha de discos velhos tem o mesmo status
de quem fuça no lixo em busca de janta.

a cafeteira esquecida na boca acesa foi jogada fora
como lâmina de gilete.

tempos em que nada mais dura
e até as cartas saíram de moda.

agora—
nem todo tempo do mundo basta,

nem a beleza dos estilhaços.

tempos em que tudo é descartável
e as horas desperdiçadas escorrem pela face do relógio

na voz ubíqua do alarme.

tempos em que a gente pensa 
que até a gente é substituível

como isqueiro vazio. 








Nenhum comentário:

Postar um comentário