sábado, 6 de outubro de 2012

Dia-a-Dia





há mais garrafas de água que livros na estante.
ao lado do tubo de pasta de dente e do creme de barbear tem um cordão de ouro que diz

que alguém aqui crê em deus.

só tem uma tomada no quarto.

um estojo de remédios e tampões de ouvido de alguma companhia aérea.
a toalha úmida na porta do armário.
um rolo de fio dental.

cada objeto guarda um coração.

a colher de prata, a carta do banco, o guardanapo de papel.
a linguagem.
 
até as coisas mortas se vinculam—e ganham vida.                 

cor sobre cor não é nada se não fere, se não te faz lembrar de alguém. 

uma lista de compras num pedaço de folha de caderno.
leite, molho, ovos, massa.
garranchos de poemas.

o dia que caminhei contigo pelos corredores do supermercado atrás de pão
e peito de peru.





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