domingo, 7 de março de 2010

5.



Já é manhã nascida, embora pareça noite que ainda não morreu. Era sexta-feria outro dia, e derrepente já é segunda. Nomes que os dias tem. Como as pessoas. E como elas, não faz a menor diferença. Tinha certeza que era algo em torno de 20 de fevereiro. Alguém me diz que já é ínicio de março. Os dias passam, mas eu as vezes não percebo. Procuro um horizonte, lá no fim onde o céu se esconde, na última linha do fundo do mar, onde mar e céu se tornam um, e onde de fato fim não há. Fecho os olhos e já não sinto a dor nas mãos. Já não sinto dor nenhuma. Sinto somente o sol quente nas costas, o ruído das ondas na praia, o vento que sopra de lado. Vou me deitar sempre cansado, mas nunca pego no sono rápido. Rolo, penso, deliro - sonho acordado. Não consigo desligar, embora viva desligado. Talvez me falte algum pedaço. Comprei um novo livro outro dia, que além de um conselho literário do bom e velho Chinaski, também sempre me pegou pelo título: "The heart is a lonely hunter", de Carson McCullers. Mas ainda tenho Raymond Chandler, e é com ele que me preparo agora pra pegar o ônibus, 40min rumo ao centro, pois como alguém um dia disse, hoje é segunda-feira, se é que isso faz alguma diferença.

Nenhum comentário:

Postar um comentário