terça-feira, 16 de novembro de 2010

O que restou da arte






sucessão contínua de imagens
em sequência rítmica
de frequência quase cardíaca
do pulso do seio da cidade -
semáforo que se acende, verde,
o ronco da buzina dos carros,
o estômago vazio
do buraco do asfalto -
para onde foi o pastor, o sol e a lua?
meu amor eu canto na água da chuva
suja que corre na beira da rua,
da calçada
desse coração doente de urbano,
de pedra, dessas trevas de luzes,
dessa selva trêmula de torres,
de trens e prédios e pontes -
não se atreva a procurar por deus
nessa terra perdida dos homens.

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