segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

E também os Carros Alegóricos



Ele havia adormecido rindo na noite passada
sem saber o porquê.
Mas na manhã seguinte enquanto caminhava
na calçada congelada sentiu o peito arfar
com uma ânsia de pranto.
A garganta se encheu de catarro à medida que os olhos
se encheram de lágrimas e o coração, sem saber razão,
se encheu de dor.

Uma canção que se repetia em sua cabeça,
tola e doce, mas verdadeira, sobre se estar perdido,
preso no meio de um tabuleiro sem entender
e sem jamais saber o porquê.
Mas sabia que já havia tentando sozinho, e que
já havia tentado ser outro, e que em ambos havia falhado.

Havia também aprendido que todo mundo tem medo
mesmo que alguns tivessem, com o tempo, aprendido
a esconder.
Todos, no fundo, perdidos dentro de um só momento,
um dia em um distante passado ou um só segundo
no mais aguardado futuro.

Passou em frente à padaria e comprou um café
com leite e, de volta à rua, ouviu quando uma moça
de meia-idade, fantasiada de policial, afinal de contas
era domingo de carnaval e as ruas estavam tomadas
por pessoas fantasiadas de todos os tipos,
falava ao telefone com a mãe e dizia que sim, que havia chegado
à cidade bem, e que tudo passaria na maior tranquilidade.
Eram dez horas da manhã e a moça já emborcava uma lata
de 500ml de cerveja.

Foi quando ele percebeu que, afastando o copo de papel
de café quente da boca, a vidraça da loja em frente
refletia em seu rosto um sorriso largo.
Riu alto e de forma sincera, e balançou a cabeça de um lado ao outro algumas vezes
e mais uma vez não pôde entender o porquê.


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