quarta-feira, 2 de maio de 2012



Sem Perceber




Haverá vida na casa vazia
no fundo da hora
quando a mesa da cozinha
não for olhada
por ninguém.
haverá a luz da alvorada
na contagem de um segundo
de um sol escondido.
Não haverá mais os olhos
e qualquer sopro será do vento
e ninguém há de contar o tempo
ou lembrar a contagem dos anos.
Haverá ratos na casa vazia
e no fundo das horas
portas dantes silenciosas
farão as vezes das vozes
da gente esquecida.
Haverá trilhos onde não corre mais nada
e estações abandonadas de trem
mas o soar de um sino
e a vibração das pedras no chão
serão apenas um sonho distante
que ninguém sobrou para sonhar. 
Haverá retratos deixados para trás
nas paredes agora sem tinta
e não haverá novo dia
mas sempre o mesmo dia sem fim
sem ninguém para chamar de dia
ou lembrar que foi assim.

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