quinta-feira, 31 de maio de 2012




Na Madrugada
do inglês ' In The Small Hours ' 





Véu azulado, a serpentina da
Fumaça do tabaco em película e verniz de madeira,
Atenua o cromo, escala em espirais as cortinas de veludo,
Ofusca a cavidade de espelhos. Dedos fantasmas
Penteam cabelos de alga, afagam veias verde-mar
De marinheiros ilhados, prisioneiros
Da sensual melodia de Circe. O barman
Distribui poções ígneas ?
Sonâmbula, a banda segue tocando.

Coqueteleira, o peixe prateado
Dança para clientes pegajosos.
O aplauso é embebido em lassidão,
Emaranhado em teias de sussurros de amantes
E nos cílios engenhosos do andrógino.
As notas pairando no ar acariciam a noite
Mas suavizam o denso índigo ? ainda eles tocam.

Partidas persistem em durar. Ausências não
Esvaziam a taverna. Se penduram sobre a névoa
Como exalações de afastados litorais. Logo,
A noite recupera o silêncio, mas até o amanhecer
As notas mantêm seu domínio, esfumaçadas
Epifanias, possuidoras das horas.

O lamento da música perdoa, redime
A surdez do mundo. A noite torna ao caminho
De casa, revestida por notas de consolo, pregueia
O silêncio quebrado do coração.








- Wole Soyinka




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