sexta-feira, 29 de junho de 2012

centro, quintana, farrapos


tenho um punhado de ruas velhas
de asfalto remendado
e buracos cobertos
entre prédios desbotados.

tenho um punhado de anos novos
de curvas sinuosas
em retas separadas
por viadutos amarelos.

há ruas que nunca dormem
entre luzes que nunca se apagam.

a vigília noturna é cruel
como noites de inverno
em banheiros brancos
de azulejos gelados.

tenho um punhado de mundos em luas
e apenas um cabo de tecido fino
que me prende à terra,
quase partindo,
quase parando.

há cidades que nunca mudam
entre tempos que nunca passam.
o gosto da carne é desejo
de uma ternura devastada
por sonhos superados.

tenho um punhado de sonhos imersos
entre ondas de outono

em praias de primavera.

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